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Comentário ao Sobre a alma de Aristóteles

  • Foto do escritor: Fernando San Gregorio
    Fernando San Gregorio
  • 2 de set.
  • 2 min de leitura
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1. Contexto da obra


O De Anima (ou Sobre a Alma) de Aristóteles é um dos textos fundamentais da filosofia antiga, tratando da natureza da vida, das faculdades vitais e, especialmente, da alma humana. Durante a Idade Média, esse tratado foi redescoberto no Ocidente, em grande parte graças às traduções árabes e latinas.


Santo Tomás de Aquino (1225–1274), ao comentar essa obra, buscou:

  • Clarificar o pensamento aristotélico.

  • Integrar suas ideias com a teologia cristã.

  • Evitar mal-entendidos vindos das leituras neoplatônicas ou averroístas.


O comentário de Tomás é, portanto, filosófico e pedagógico, mas sempre atento às implicações para a antropologia teológica.


2. Estrutura e método do comentário


Tomás segue a divisão aristotélica em três livros:

  • Livro I: Introdução geral ao estudo da alma e crítica às definições anteriores.

  • Livro II: Definição da alma como ato do corpo vivo, estudo das faculdades vitais (nutritiva, sensitiva, locomotiva).

  • Livro III: Faculdade intelectiva e a questão da imortalidade da alma humana.


O método de Tomás consiste em:

  • Expositio continua: explicar, passo a passo, as passagens de Aristóteles.

  • Questões filosóficas: levantar problemas e confrontar opiniões de outros intérpretes (Platão, Avicena, Averróis).

  • Síntese com a fé cristã: mostrar a compatibilidade entre Aristóteles e a doutrina da alma racional e imortal.

3. Principais contribuições


  • Definição da alma: Tomás adere à noção aristotélica de que a alma é a forma do corpo vivo, isto é, aquilo que atualiza e organiza a matéria.

  • Unidade substancial do homem: O ser humano não é uma junção de duas substâncias (alma + corpo), mas uma única substância composta.

  • Faculdades da alma: Ele distingue com precisão as potências vegetativas, sensitivas e intelectivas, explicando sua hierarquia.

  • Intelecto agente e possível: Tomás refuta interpretações averroístas que sustentavam a existência de um único intelecto para toda a humanidade, defendendo a individualidade e a imortalidade da alma racional.

  • Abordagem integrativa: Embora fiel a Aristóteles, Tomás ajusta a teoria para harmonizá-la com a doutrina cristã da ressurreição e da vida eterna.


4. Relevância


O Comentário ao De Anima de Tomás de Aquino é uma obra central para:

  • História da filosofia: Marca o encontro entre Aristóteles e a tradição cristã medieval.

  • Antropologia filosófica: Fundamenta a visão do ser humano como corpo animado por uma alma espiritual.

  • Teologia cristã: Oferece base filosófica para compreender a dignidade, a liberdade e a imortalidade da pessoa humana.


Em resumo: o comentário de Santo Tomás ao De Anima de Aristóteles é um esforço magistral de interpretação e síntese, que consolida a filosofia aristotélica como pilar da antropologia cristã e lança bases para séculos de reflexão teológica.



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