A Morte da morte na morte de Cristo
- Fernando San Gregorio

- 15 de jul.
- 3 min de leitura

“A Morte da Morte na Morte de Cristo” é uma das mais contundentes e sistemáticas defesas da expiação eficaz já escritas dentro da tradição reformada. Nesta obra monumental, John Owen — teólogo puritano do século XVII — apresenta um argumento cuidadoso, bíblico e lógico a favor da ideia de que a morte de Cristo foi intencionalmente eficaz e particular, destinada especificamente à salvação dos eleitos de Deus, e não uma expiação geral com efeitos meramente potenciais.
Tese Central
A obra gira em torno da tese de que Cristo morreu efetivamente para salvar um povo específico, e que sua morte cumpriu exatamente aquilo que Deus se propôs: resgatar, redimir, justificar e glorificar aqueles que o Pai lhe deu. Em oposição às visões da expiação universal — segundo as quais Cristo teria morrido por todos os seres humanos indistintamente, tornando a salvação possível, mas não garantida —, Owen sustenta que uma tal perspectiva enfraquece a eficácia da cruz e torna a obra de Cristo dependente da vontade humana.
Estrutura da Obra
A obra está dividida em três partes principais:
Parte I – A Questão e o Princípio da Redenção: Owen define os termos centrais do debate (redenção, expiação, reconciliação) e estabelece o pano de fundo teológico e bíblico da discussão. Aqui ele já começa a mostrar como a linguagem das Escrituras aponta para uma obra redentora eficaz e não meramente potencial.
Parte II – Refutação da Expiação Universal: Nesta seção, Owen analisa e contesta os principais argumentos em favor da ideia de que Cristo morreu por todos indistintamente. Ele mostra que essa doutrina gera inconsistências com outras doutrinas bíblicas — como eleição, regeneração e intercessão — e mina a suficiência da cruz.
Parte III – Argumentos Positivos a Favor da Redenção Particular:Finalmente, Owen oferece sua construção positiva da doutrina da redenção particular, com base em textos bíblicos, lógica teológica e implicações práticas. Ele argumenta que Cristo, como sumo sacerdote, oferece não apenas o sacrifício, mas também a intercessão, e que ambos são dirigidos ao mesmo grupo: os eleitos.
Contexto e Relevância
Escrito em meio aos debates teológicos da Reforma Inglesa e das controvérsias entre calvinistas e arminianos, A Morte da Morte foi concebido como uma resposta aos ensinos da expiação universal promovidos por alguns teólogos protestantes. A obra de Owen representa o ápice do pensamento calvinista ortodoxo sobre a doutrina da redenção e influenciou profundamente gerações de teólogos reformados, sendo amplamente citada por nomes como Charles Spurgeon, J. I. Packer (autor de uma introdução moderna à obra), e contemporâneos defensores da teologia reformada.
Importância Teológica
Owen demonstra que a doutrina da expiação eficaz está ligada à própria natureza de Deus, à soberania de sua graça e ao propósito eterno da salvação. Seu argumento não é meramente lógico, mas pastoral: se Cristo de fato morreu para salvar o seu povo, então o crente pode ter certeza plena da salvação, baseada na obra completa e perfeita de Cristo.
Conclusão
A Morte da Morte na Morte de Cristo é um convite à contemplação da profundidade da cruz e da segurança da salvação em Cristo. É uma obra exigente, mas recompensadora, que fortalece a fé e aprofunda a compreensão da obra redentora de Jesus. Leitura essencial para pastores, teólogos e todos os que desejam conhecer melhor o alcance e os efeitos da morte de Cristo conforme a tradição reformada.
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